Mal da montanha, lipotermia, doenças

Aconcágua na Argentina

Mal agudo de montanha

Existe uma sintomatologia muito comum que pode resultar muito perigosa e delicada que surge pela má adaptação à altura e que é conhecida como mal de altura. Os signos deste mal aparecem a partir dos 2.500 e 3.000 m.s.n.m. Afetam na sua maioria aquelas pessoas que não estão costumadas a viver nessas altitudes. A aparição do Mal Agudo de Montanha (MAM) se baseia em dois princípios: na rapidez de ascensão e nas condições nas que se realiza a mesma. Considera-se que os signos de má adaptação aparecem de 4 a 8 horas após ter alcançado uma grande altura e permanecer nela.

Um bom montanhista nunca oculta seus signos de má aclimatação e reconhecê-lo não deve ser considerado um fracasso. Muitas vezes é típico ter mal de altura nessas altitudes e se deve ser o suficientemente responsável para deter a marcha e reconsiderar uma descida. Ainda os maiores escaladores experimentaram ou sofreram esta afeição. A fim de facilitar a detecção deste mal foi estabelecida a seguinte tabela prática, designando valores aos diferentes sintomas para determinar a gravidade do MAM.

1 Ponto
• Dor de cabeça leve
• Náuseas o perda do apetite
• Insônia
• Vertigem

2 Pontos
• Dor de cabeça resistente à aspirina
• Vômitos

3 Pontos
• Dispnéia em repouso (falta de ar)
• Fadiga anormal
• Oliguria (falta de urina)

PontuaçãoDefiniçãoTratamento
1 a 3MAM leveAspirina ou paracetamol
4 a 6MAM moderadoAspirina, repouso suspender ascenso
Sobre 6MAM agudoDescida

Todos os sintomas desaparecem com a descida. Caso de dúvida ou de persistência dos males, embora sejam moderados, é recomendável a descida para voltar a ascender mais lentamente facilitando a aclimatação

O mal agudo de montanha não deve ser ignorado nem dissimulado, com freqüência os primeiros sintomas são atribuídos à incomodidade, mudança da alimentação ou fadiga e são escondidos por medo a que sejam interpretados como signo de debilidade.

O mal agudo de montanha pode afetar a qualquer montanhista, seja qual for seu estado físico, contextura, treinamento ou experiência e caso não se tratar a tempo pode derivar em edema pulmonar ou cerebral, acarretando inclusive a morte.

De ser posível, nunca deve deixar de consultar com um médico ou com quem pudera dar atenção médica.

Congelação

Mal da montanha, lipotermia, doenças

O princípio de congelação apresenta sintomas muito particulares. Primeiro, nas partes expostas do corpo, o frio começa a produzir dor perante os golpes, depois todas as sensações desaparecem e uma espécie de anestesia se apodera da parte congelada. A pele começa a mudar a cor normal por um avermelhamento ou alvejamento da mesma, aparecem bolhas e um enegrecimento contínuo.



O lugar mais comum para as congelações são as mãos, dedos, pés e algumas partes do rosto. Por isso se recomenda ter e utilizar um equipamento adequado para as baixas temperaturas às quais se está exposto. Sempre devem ser usadas boas meias (secas) e botas duplas adequadas, um quebra-ventos de excelente desenho e material, passamontanha e por último luvas para as mãos com mitenes de alta qualidade se for possível.

Deve-se ter em conta que após todos estes processos e da congelação anterior, a pessoa afetada sentirá dor no corpo e é provável que apareçam infecções. Recomenda hospitalizar à vítima. De ser possível, nunca deve deixar de consultar com um médico ou com quem pudera dar atenção médica.

Edemas

Edema pulmonar

Doenças de montanha – Subida Cerro Aconcágua

Os signos do edema pulmonar se caracterizam por experimentar sensações de afogamento e uma respiração ruidosa (borbulhando). Os lábios e também com freqüência as orelhas tornam-se arroxeados ou azulados (cianose); pode existir expectoração espumosa, às vezes rosada. Estes sintomas podem se apresentar durante a noite, após um dia de muito esforço. Recomenda-se ter ao doente em posição sentado no entanto se busca ajuda.

Edema cerebral

O edema cerebral se caracteriza pela fadiga ou debilidade extrema, vômitos (freqüentemente violentos) e dor de cabeça agudo e persistente. Existe dificuldade para se manter de pé, padecendo vertigem e transtornos do comportamento. O coma chega rapidamente. Às vezes não existe dor de cabeça senão simplesmente um grande cansaço e trastornos do equilíbrio. Ambos casos de edema devem ser atendidos com urgência e resgatar à pessoa o mais rápido como seja possível. Os edemas são tratados em emergência introduzindo à pessoa numa câmara hiperbárica, onde se trata de reverter os sintomas e manter até que possa ser transladada a um centro sanitário para um cuidado mais específico. Perante os primeiros sintomas, ou perante a suspeita dos mesmos, consulte o serviço médico do Parque ou avise o Guarda-parque.

Reações do corpo

Estar a grandes alturas durante muito tempo pode ocasionar transtornos digestivos (anorexia e dispepsias) e metabólicos (balanços calórico e protéico negativos); portanto é muito comum ter perda de peso (aproximadamente de 0,5 a 2 quilogramas por semana) num começo por lipólise e a partir dos 10 dias por perda de massa muscular. O corpo tarda em repor essa perda de peso ao redor de três meses após da ascensão. Outras complicações potencialmente perigosas são as hemorragias retinianas de altura, a trombose venosa e as psicose de altura, perigosas num entorno agressivo onde os erros podem ser pagados até com a vida. De ser posível, nunca se deve deixar de consultar com um médico ou com quem pudera dar atenção médica.